Em 2016 a
IECLB reflete sobre o tema “pela Graça de Deus, livres para cuidar”.
Tema desafiador e convidativo. Por outro lado, vemos nosso país em situação
preocupante. O profeta Amós desafia: “Buscai o bem e não o mal” (Amós
5.14ª). Para as pessoas que buscam o bem fica o sentimento: onde está a graça
de Deus? Como cuidar? Como buscar o bem, se tantos parecem desejar o mal de
nossa pátria? Como Igreja, precisamos reafirmar a certeza de que Deus zela e
acompanha este processo. Por mais complexo que tudo pareça, devemos colocar em
oração, livre de partidarismo, a nossa nação. Também é tempo de reafirmar que a
nação é de todos, que todos somos sujeitos à constituição e às leis que dela
emanam. Reafirmamos o que consta na carta do Pastor Presidente da IECLB: “O
Brasil conquistou a democracia a duras penas. Um dos componentes
imprescindíveis para que a democracia cresça e floresça chamasse diálogo.
Diálogos: por meio da palavra; através da palavra. Diálogo é a interação entre
pessoas através da palavra”. E esta verdade não deve ser perdida de nosso
horizonte, independente da posição política que tenhamos.
Os valores
éticos que nos norteiam são: honestidade, integridade e liberdade de
pensamentos. Estes valores devem priorizar a busca incansável da democracia e
de igualdade de direitos entre as pessoas. Destes valores não podemos abdicar.
São por demais preciosos. Parafraseando a Campanha da Fraternidade Ecumênica
deste ano, “isto é a nossa casa comum, a nossa responsabilidade”. Em razão
disto, neste momento de perplexidade e crise, devemos nos sentir pessoas
desafiadas a agir e testemunhar, inspiradas pela Sagrada Escritura, agindo com
respeito, calma e serenidade.
Somos
cidadãos e cidadãs e temos posicionamento político. Isto é cidadania. Mas, ao
mesmo tempo, devemos saber respeitar aquele que pensa de modo distinto,
respeitar a igualdade de direitos entre as pessoas e os deveres vigentes em
nosso país, de modo que a soberania da constituição não seja desprezada.
Da mesma
forma, devemos ter o entendimento de que, por mais complexa que seja a situação
política, o diálogo e o respeito devem ser seguidos, para que a democracia seja
preservada. Certo é que o caminho político é uma das formas de transformar a
realidade na qual a nação se encontra. Urge que as forças políticas busquem o
bem e se unam em prol da nação. Em razão disto devemos entender que é papel do
cristão se envolver, acompanhar e também postular cargos eletivos. A sua ética
e integridade podem ser o elemento divisor de águas no contexto no qual nos
encontramos.
Entendemos que as nossas Comunidades devem
olhar de modo crítico as propostas que são apresentadas. Em meio à crise
vivida, há oportunidades para trilhar por novos caminhos. Olhamos para a
realidade que nos cerca, para o modelo político estabelecido, no qual não há
fidelidade partidária. Ocorrem alianças de todas as matizes e ideologias.
Olhamos para a realidade que nos cerca e que é permeada pela corrupção,
clamando para que haja transformação, sem esquecer que o problema maior é a
desigualdade social. E neste processo de transformação precisamos ter e ocupar
papel preponderante a partir de nosso testemunho cristão. E neste testemunho
cristão, o combate à corrupção e a busca pela justiça e a igualdade social
precisa acontecer e permear todas as instâncias.
Por mais
severa que seja a situação que enfrentamos, devemos elevar os olhos para o
horizonte, confiantes de que o Senhor da Vida nos guia e conduz. É Ele que nos
dá o discernimento em meio ao conturbado quadro de informações e desinformações
que acirram ânimos. A cruz nos chama para olhar com amor ao próximo, agir com
discernimento e responsabilidade frente ao momento que enfrentamos. Que neste
tempo em que celebramos a Paixão de Cristo, possamos rogar e confiar na
misericórdia de Deus, para que a esperança prevaleça e a ressurreição possa ser
celebrada.
Pastores e Pastoras Sinodais
da IECLB
Presidência da IECLB
São Leopoldo,
18 de Março de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário